segunda-feira, 23 de novembro de 2009

II Semana da Consciência Negra debate sobre Igualdade

Na manhã do dia 19 de novembro, palestras e debates sobre “O negro na conjuntura social, economia e política na modernidade” abriram a II Semana da Consciência Negra, no auditório principal da FACITEC. O evento acontece com a organização de alunos do 4º semestre de Pedagogia, com base na disciplina “Educação e Diversidade”, ministrada pela professora Xênia Honório.

Após a abertura com o canto do Hino Nacional, a professora de Direito e coordenadora dos Núcleos de Prática Jurídica, Ana Cristina da Silva Souza, explicou que a Lei 10.639/03 impõe a aprendizagem de História e Cultura Africana nas escolas. Ela diz que “há várias discussões sobre essa imposição, mas que esse ensino é importante”.

Ana Cristina esclareceu que, na África, a responsabilidade pela educação das crianças ou adolescentes é de todos os membros da família. “Na cultura africana, os filhos são educados em um ambiente onde eles têm referência da tradição familiar. Hoje, a nossa sociedade está inquieta, extremamente desequilibrada, devido à falta de base familiar”, explica a professora.

Segundo Ana Cristina, ainda pode haver mudanças nessa realidade com ações afirmativas, discussões e projetos bem elaborados: “a educação não tem cor. Está em nossas mãos mudar esses conceitos, que estão arraigados há séculos na nossa cultura”, afirma.


O professor de Pedagogia, Itamar Paulino, fez um relato sobre a história da África, contando detalhes sobre sua viagem ao Quênia, em um trabalho com entidades voluntárias. Para Itamar, “é bom não falar das coisas ruins que acontecem na África, porque seu povo tem muita coisa positiva a oferecer, como o turismo ecológico que os leva a preservar a natureza”.

Durante sua estada na África, foram desenvolvidos projetos sociais, cultivo de hortaliças, atividades de dança, trabalho de reconstrução de ocas feito com a UNESCO, marcha pela vida por causa de conflitos com guerra tribal e encontro com lideranças para definir estratégias de combate à desnutrição.

“Tive que me despir da minha cultura. Aprendi a ser mais humano. Uma forte razão para nossos trabalhos voluntários foi ver crianças com deficiência por causa da fome. Vi um povo que sofre com a pobreza e a miséria, mas que sabe ser alegre”, conta Itamar.

Durante o debate sobre o tema, a professora dos cursos de Direito e Comunicação Social da FACITEC, Dra. Erli Helena Gonçalves, enfatizou que a discussão sobre a realidade dos negros deve ser contínua: “não concordo com essa expressão sobre ’o dia’ da consciência negra e proclamo retirar este estigma, porque a discussão acaba se restringindo a um dia apenas”.

Apesar de ser o segundo país com a maioria de negros, o Brasil tem o problema da discriminação. “Este país foi construído por negros, que têm grande importância. Peço que mulheres e homens tenham equidade. Negar a negritude do nosso país é negar o próprio país. É preciso dar a cada povo a identidade que possui, como primeira forma de desconstruir o preconceito”, ressalta Dra. Erli.


O professor e psicólogo, Bruno Costa, conceituou preconceito como uma atitude hostil direcionada a um indivíduo específico, enquanto racismo é mais amplo e não interfere apenas no nível individual, mas no âmbito institucional e comunitário. Ele alerta quanto aos danos psicológicos causados pela discriminação.

“Os pedagogos devem estar atentos aos livros didáticos, que não podem ser tendenciosos, levando à exclusão e à discriminação. Existe o problema da omissão de muitos, mas temos que ser ativos. Defendam aquilo que é certo, os princípios da igualdade e da justiça”, afirma Bruno Costa.

Por: Giselli Vieira
Fotografia: Edvaneide Araújo
Revisão: Vânia Balbino de Souza

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